RETINA
Era janeiro, chovia forte no Rio
Água cristalina lavava a rua, a praça...
Pingava aos molhos na janela
E pintava na vidraça uma tela
Como lágrimas a escorrer nos olhos.
Um impacto na retina
Cai a vidraça quebrada
A menina dos olhos chora
E uma lágrima avermelhada
Escorre no soalho
Um corpo perfurado de bala
Cai na sala, sem vida
Tudo vai para a vala:
A água poluída, a vidraça quebrada
E a vítima da bala perdida.