MENINO DE RUA
Menino de rua,
urbanóide.
Criou seu próprio estilo,
urbanóide.
Descalço, camiseta ou não,
urbanóide.
Cheirando cola, pedindo esmola,
urbanóide.
A cabeça raspada é documento,
urbanóide.
É pura pobreza,
é urbanóide.
Mas ali por trás daquelas matas,
que matas?
Ainda há tanto chão, chão carente de plantio,
chão carente de desafio, pra servir alimentação.
Mas os dono do mundo
não divide a terra não.
Do lado de cá, os faminto,
do lado de lá, as mansão.
Mas os dias vão se indo
sem que se peça perdão.
E os meninos vão crescendo,
todos de arma na mão.
Passou o desejo de terra,
passou toda ilusão.
Agora resta na gente
desejo de destruição.
Vai, urbanóide metido,
não precisa dividir o pão.
Divide sua vida comigo,
na hora da violação.