Noturno Urbano
Urbano, soturno, noite fria, gritaria,
Prostitutas nas escadarias desfilando a perdição,
Viciados encrencados, pobres amaldiçoados,
Chuva fina, galerias, bares abertos, selvageria.
Urbana civilização, sozinha no meio de tudo,
Mendigos degustando um naco de pão,
Abandonados menores cheirando na calçada,
Inalando e exalando a droga, a ilusão.
Noite alta, esquinas vazias, vadias,
Horas mortas, última condução, exaustão,
Gatos vadios, olhos astutos, bandidos na escuridão,
Polícia, gritos, tiros e um corpo tombado no chão.
Cidade alerta, boates em mórbida convulsão,
Letreiros, luzes de néon em frenética profusão,
Enchente no largo, lixo aculumado, semáforo fechado,
Pivetes mirrados, artes e fatos nas mãos.
Noite vazia, ébrios extasiados, garrafa na mão,
Retirantes acabrunhados, saudades do sertão,
Sirenes abertas, bombeiros de plantão,
Urbana condição de uma cidade, noturna,
Agonizante e febril no breu da noite,
Esperando, esperando uma benção, a sua redenção.
Guilhermino, 07 de janeiro de 2009.