Final de Tarde Na Minha Rua
Relembro o ontem com sabor de sol:
Amigos rodeando a vida, -guarda-sóis...
Sinto-me agora em lembranças de mormaço,
Pendido entre raios de luz e o barulho da Cidade.
A tarde cai, e os homens andam devagar,
Muito devagar, e não sentem o dourar
Das nuvens refletindo o resto de um dia,
Nas letras brancas da placa azul,
Marcando um nome de “Aurora”
Na esquina transversal da minha rua.
Lá adiante passou um homem,
E o chapéu preto com marcas prateadas
Refletiu lembranças e parei o olhar, cansado
De ver a ferrugem do barro nas ruas.
Fizeram uma construção na frente do terraço...
-Querem tapar minha visão frontal de sono!
-Chamam isso “construção” protetora de patrimônio.
Onde a liberdade do vizinho ver minha vida?
Sentado, não posso ver os pés e pernas da moça
Que rir, ao passar, pensando que a namoro...
Em breve os postes de iluminação
Sustentando fios emaranhados, acenderão,
Mostrando o econômico riso noturno,
Dormindo nas flores nos dois jardins que restam.
Na íngreme rua de calçadas rachadas,
Transitam, descendo, omissas pernas,
Sem coragem de subir ao cimo; e com passos calmos,
Subo aspirando energias sutis, fortaleço mãos,
Desço em seguros passos em afagos fraternos.
Os sonâmbulos continuam entre quatro paredes,
Discutem idéias remotas de antigos subconscientes,
Logo ali, na esquina da minha rua, na parte baixa.
Observo-os ao longe com funéreos trajes,
Admirados com o amor dos meus gritos kamikazes,
Iluminando trevas com sabor do meu povo.
Palmares, 1995
© Jaorish Gomes Teles da Silva
Do livro ESQUECERAM QUE OS POETAS SABEM VOAR (1ª Edição publicada dia 13 de Julho de 2004 e 2ª Edição publicada dia 30 de Dezembro de 2004).
Mais informações no site do autor: www.jaorish.xpg.com.br