CAVANDO A PAZ
No convés da mesma nau,
gente e bicho são iguais.
Não há por que pôr dois sais
no mesmo angu ou mingau.
Pobre e rico são rivais,
mesmo num oco de pau?
Só que, ao som do berimbau,
somos bichos cordiais.
Na mesma nau, somos mais.
Está nisto o nosso aval.
União, pois, no sarau.
Assim, vamos dar ao cais.
Pode guerra haver mais pau
que, num mundo de animais,
não dialogarem jamais
um felino e o bacurau?
Seja bom, um, outro mau,
há que se cavar a paz.
Dois ou mil, juntos, os pais,
as mães, os irmãos, uau!
Fort., 29/12/2008.