CAVANDO A PAZ

No convés da mesma nau,

gente e bicho são iguais.

Não há por que pôr dois sais

no mesmo angu ou mingau.

Pobre e rico são rivais,

mesmo num oco de pau?

Só que, ao som do berimbau,

somos bichos cordiais.

Na mesma nau, somos mais.

Está nisto o nosso aval.

União, pois, no sarau.

Assim, vamos dar ao cais.

Pode guerra haver mais pau

que, num mundo de animais,

não dialogarem jamais

um felino e o bacurau?

Seja bom, um, outro mau,

há que se cavar a paz.

Dois ou mil, juntos, os pais,

as mães, os irmãos, uau!

Fort., 29/12/2008.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 30/12/2008
Código do texto: T1358906
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