QUARENTENA

QUARENTENA

Quarenta e poucos dias,

E quantos mais serão

Nem água, nem pão

Só algumas rações frias

Rios de sangue e dor

Lá longe, ficou a paz

Pobres, e triste sabor

E tudo mais se desfaz

Crianças procuram os pais,

Já mortos entre escombros

Outros viraram canibais.

Pesado fardo aos ombros

Terra preta, terra queimada

Quem disse minha terra

Uma e outra mãe violada

Numa esquina ou numa serra

Oh negras almas quem vos pariu

Que dores de parto suportaram

Quem tanta gente feriu

Ficando impunes, para aonde foram

Chove na terra árida

A face preta da lua

Quer esconder a verdade nua

De uma violência incontida.

Gente devassa, crentes falsos

Onde se cicatriza as chagas

Desprezam-se os verdadeiros passos

E não há tempo para pragas

stavi
Enviado por stavi em 29/12/2008
Reeditado em 01/01/2009
Código do texto: T1358547
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