Aquarela inóspita
Aquarela inóspita
Lavam o chão com as mãos
grupos de acorrentados
seguindo à civilização
cantam as insanidades
dos semeadores da fome.
Na estrada dos sonhos perdidos
debique decaem sobre as mulheres,
velhos raquíticos morrem
crianças são violadas.
Engaiolada negritude ontem
subordinados negros hoje
me curvo no mundo afro
pretos,pobres,descalços
Zumbis,filhos de Deus!
Ignomínia esconde as nossas raízes
a cratera não cicatriza
resta a flor miscigenada
prima da for de Hiroshima
semente Afro-Brasil
debulho as dores africanas
eu choro as dores do mundo. (Érika Renata)