NACIONALIDADE

Nunca fui aos verdes da Amazônia.

Tenho, contudo, a visão pelo mapa.

Sei que é linda e muito misteriosa.

Pelo que me diz meu faro de tatu,

os EUA querem internacionalizar

essa incalculável soma do globo.

Talvez seja para os ianques um gol,

jóia para ingleses e outros gaviões.

Para o brasileiro, “nadica” de nada.

Nunca me fui às águas da Amazônia.

Também não sou indiferente à grandeza

bela e caudalosamente indisfarçável

da nossa hiléia e seu mundo lendário.

Além do quê, prezo a nacionalidade.

Aquilo acolá, meninos, é o prato bom

que Deus dispôs à mesa do homem: nós.

Por isso, o filé, o pulmão do mundo,

com todas as primícias tropicais.

Ah, se de meu possuísse um dedal

de terra fértil nas unhas, meninos,

ao menos uma nesguinha de quintal,

aí eu deitaria inteira a Amazônia

para defendê-la da tal globalização.

Cruz-credo, gente neoliberal.

Fort., 27/12/2008.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 27/12/2008
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