ESPECTROS - Crítica ao Isolamento urbano

Olho outros olhos...

O vazio com que me vêem...

- Olhos distantes, vazios...

Indiferentes.

Corpos que se tocam infinitamente distantes.

Proximidade insensivelmente humana.

São corpos? Têm alma?

São humanos?

São espectros...

Fantasmas perfilados que perpassam em multidão.

Cada um fugindo à sua dor;

Cada um procurando esquecer...

O Existencial Vazio.

Espectros...

Outrora gente com alma, com sentimento...

Mas agora, corpos indiferentes, insensíveis...

Desumanizados pela acomodação econômico-psico-social.

Vazios...

Cada um buscando fugir do seu sofrer,

Da escravidão de uma vida sem sentido,

De si mesmos...

Um eterno auto-engano.

Sim...

São olhos que olham, mas nada vêem...

São corpos de homens, mas não mais humanos.

São espectros de gente sem alma,

Pois não conseguem mais ver e sentir a si mesmos...

Moses Adam

São Paulo, 02.06.06 - 18h00

Olhando a multidão no metrô