Ele ia...e assim andava
Todos os dias, por horas vazias
Ele ia, e assim andava
Passos pesados, costas curvadas
Ele ia e assim andava
Por ruas e avenidas
Por tardes e noites da vida
Ele ia, e assim andava
Suas roupas em desalinho
Ora sujas, ora rasgadas
Ele ia, e assim andava
Olhava para as vitrines, e sorria
Passava entre os carros, e
Quase morria.
Ele ia, e assim andava
Falava muito e dizia nada
Pensava pouco e na calçada dormitava
Ele ia, e assim andava
Era o louco, assim diziam
Línguas estranhas falava
Ele ia, e assim andava
Mas, um dia...
Quando a linda tarde morria
Lá estava ele
Já não dormia
Jogado na calçada
Ele não iria e nunca mais andaria
Era o doido que morria
E ninguém dizia nada
Mas, a certeza existia
Que ontem...
Ele ia e assim andava.