Prostituta
Você se veste bem,
mas tão bem, que a
Rainha de Sabá se
sentiria nua em sua frente.
Sua beleza embasbacaria os
anjos que estão acostumados
a verem a face de belezas
infinitas de Deus.
Seu corpo é tão apetecível,
como um pedaço de carne
suculenta é para um
leão faminto.
Sua voz é doce como o vinho,
e dez mil vezes mais
embriagante que ele.
Você galga as pedras nuas
como se desfilasse em
nuvens de ternura e suavidade.
Sua moral é irrepreensível
diante de todos os olhos que
procuram desvendar
alguma mácula.
Casada e aparentemente feliz.
Não consta em tua ficha traições,
ou qualquer atitude promíscua.
Mas na verdade você é
uma prostituta.
Uma prostituta que não
se vende por hora, mas
por uma vida inteira.
Pois o casamento é
um bordel de uma puta só.
A família que queres
constituir, é apenas um
conjunto de escravos que
só tem um senhor que é
seu marido, aquele bosta,
que te comprou com as
misérias que tem.
E dia após dia, você
dando sem vontade.
Mais miserável que as mais
miseráveis das vagabundas.
Perdendo o seu tempo de vida
em uma escravidão sem nome.
Em épocas longínquas você
já foi rainha, foi o fio da meada.
Amava quem queria.
Era amada por todos.
Livre, sem recriminações e
sem gel para lubrificar o que
a rotina resseca.
Voltemos à babárie,
digo mais,
voltemos à selvageria.
Onde eramos homens e
não vermes que
nascem, crescem, se reproduzem
e morrem, somente para
comer e cagar heranças.