ESTAÇÃO DE TREM

 

Penumbra no sótão

Estilhaços da alma

Arrulhos que acalmam

Vagões que se lotam

 

São trilhos da morte

Segundos que voam

Pastores que pregam

Destinos de sorte

 

São vidas compridas

E curtas desvalidas

São gritos frementes

Pedintes, dementes

 

Nas ruelas polícias

Nos becos milícias

Nas bocas delícias

De fumo primícias

Prostitutas doentes

 

Nas vidas enganos

O amor que morreu

Tem rato nos canos

Que dos ralos fedeu

 

Crianças com cola

Respiram a escola

E sonham com a bola

Nos braços de Orfeu

 

Os passageiros passam...

Se apressam...

Viajam...

E vêem tudo isso...

 

Os passageiros passam...

Se apressam...

Viajam...

E vêem tudo isso...

 

Os passageiros passam...

Se apressam...

Viajam...

E vêem tudo isso...

 

Os passageiros passam...

Se apressam...

Viajam...

E vêem tudo isso...

 

Os passageiros passam...

Se apressam...

Viajam...

E vêem tudo isso...

 

Os passageiros passam...

Se apressam...

Viajam...

E vêem tudo isso...

 

Os passageiros passam...

Se apressam...

Viajam...

E vêem tudo isso...

 

E... até que chega a morte e ninguém fez nada!

Roberto Dourado
Enviado por Roberto Dourado em 11/12/2008
Código do texto: T1330188
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