UM POEMA DE NATAL OCIDENTAL
Papai Noel, você não me engana.
Seu disfarce pode parecer perfeito,
Mas não aos meus olhos afeitos.
Com sua barba hisurta e branca
Como a de Karl Marx.
Sua roupa vermelha como a bandeira
Do comunismo, mas nem de longe
És um camarada comunista.
Antes um espião fascista,
Oligárquico e elitizado.
Nunca vi menino de rua
Ganhar brinquedo semelhante
Ao de menino de mansão.
Você talvez não apareça
Pela falta da chaminé.
Não é?
Você leva o nome de pai,
Mas nem de longe sabe
O que isso quer dizer.
Chamas a todos de filho,
Pela sua incapacidade e impotência
De ter um que seja verdadeiramente seu.
Queria eu que pelo menos por
Um dia, em sua vida sem fim,
Fosses pai de verdade.
Um pai pobre e trabalhador,
E lesse a carta mal escrita por
Seu filhinho semi-analfabeto
Endereçada ao Pólo Norte.
Visse os pedidos humildes
De uma criança condenada.
Condenada a esperar e não receber,
E ver os outros a ganharem mais
Do que de fato pediram.
Sentir em sua pele ridiculamente rosada
A dor dilacerante de nada poder fazer.
Observando os sonhos pequenos
De seu menino espatifando-se
No chão frio da decepção.
Mas és um egoísta.
Esconde-se no ponto mais
Distante do mundo,
Para vir uma vez por ano,
Pisando com seus lamentáveis
Veados o coração de milhares de crianças,
Que seriam menos infelizes se você não existisse,
Para lembrá-las de que o mundo
Não se lembra delas.