Duas rodas pela cidade
Veloz, eu andava na cidade triste,
sua ruas e calçadas,
velhas verdades que nada me dizem.
O frio me acompanhava,
irmão gêmeo da estrada,
o mesmo gelo do peito, pela cidade na madrugada.
Atropelava o meu desespero
como pessoas embriagadas.
Eu era a ponte e os carros.
O meu desejo, o asfalto molhado.
Os mendigos dormindo em trapos
o seu sono mais tranquilo...
A paz que eu invejava
jogada nas sarjetas.
O medo que eu odiava
andando livre com seus farrapos.
A morte pelas esquinas,
homens como meninas...
E as prostitutas sorrindo fácil
o seu sorriso de solidão.
Duas rodas pela cidade,
farol aceso, velocidade.
Na madrugada há escuro por toda parte!