UM RETRATO DO RIO DE JANEIRO
A tropa sai armada até os dentes
Do outro lado homens desconhecidos
Alguns chamam de deliquentes
Outros chamam de bandidos
Eu não culpo nimguem
Não posso fazer nenhuma acusação
Não sei de onde as balas vem
Se é do morro ou se é do caverão
Sei que a morte incorpora no caverão
E o sofrimento do povo é profundo
As mulheres grávidas se jogam de bruços no chão
Compartilhando o sofrimento com as vidas que nem vei ao mundo
No final quem vai preso é deliquente
Quem morreu perdeu a vida
Quem matou é inocente
E a culpa é da bala perdida
As famílias das vítimas abraçam com as dores
O cemitério abre a porta pra quem vai pra debaixo da terra
Um helicóptero da polícia voa o céu jogando flores
E tudo não passa de mais um capítulo da guerra.