UM RETRATO DO RIO DE JANEIRO

A tropa sai armada até os dentes

Do outro lado homens desconhecidos

Alguns chamam de deliquentes

Outros chamam de bandidos

Eu não culpo nimguem

Não posso fazer nenhuma acusação

Não sei de onde as balas vem

Se é do morro ou se é do caverão

Sei que a morte incorpora no caverão

E o sofrimento do povo é profundo

As mulheres grávidas se jogam de bruços no chão

Compartilhando o sofrimento com as vidas que nem vei ao mundo

No final quem vai preso é deliquente

Quem morreu perdeu a vida

Quem matou é inocente

E a culpa é da bala perdida

As famílias das vítimas abraçam com as dores

O cemitério abre a porta pra quem vai pra debaixo da terra

Um helicóptero da polícia voa o céu jogando flores

E tudo não passa de mais um capítulo da guerra.

Ailton Rodrigues
Enviado por Ailton Rodrigues em 02/12/2008
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