FÁBRICA DE CORAÇÕES DE PEDRA

Hipócrita é o prosaico proceder da sociedade de harpias, abutres

E hienas:

Esta transmuda um anjo picaresco em flor de lúcifer,

Que brota na plaga da sazonalidade da indômita violência,

Para depois crivá-lo de balas do mais ultrajante agravo,

Inumando-o no solo da proscrição e do eterno ódio temerário.

Ela não vê que não consegue andar por si mesma.

Na verdade, ela é controlada por um misterioso vetor,

Mergulhado em bruma de intangibilidade,

Fazendo-a refém de sua malévola vontade.

Não, ela não vê, nem sonha

Que está a mercê de mestres reais da rapina:

Ah, estes querem erigir jardins e mais jardins de Pandora,

Onde possam semear flores e mais flores do anjo caído,

Para que assim contentem seus insaciáveis deuses vampiros,

Fazendo-os libar a perniciosa seiva arrivista da alegria Cosmopolita.

Ela não depreende que, ao aceitar a penumbra

E ao se deixar ficar no hemisfério de claridade da penumbra,

Desprezando a tristeza dos seus irmãos, relegados ao reino do Opaco,

Ela planta sementes desesperançosas e colhe portanto

Rosas desprovidas de vivas auroras.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

JESSÉ BARBOSA
Enviado por JESSÉ BARBOSA em 01/12/2008
Código do texto: T1312884
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