INDIFERENÇA

Eu não quero falar de dor
Eu não quero lembrar a morte
O que eu quero é fazer amor
E sonhar que eu tenho sorte.

Eu não quero falar da enchente
Eu só lembro a oktoberfest
Que me importa se morre gente
Se na vida não se investe

Eu não quero falar da cor
Preconceitos de minorias
Sapatão que não lembra flor
De viados, pedofilias

Eu não quero ver a notícia
Isso dói, é constrangimento
Nas favelas: se tem milícia?
Que se matem em seu tormento

Da angústia eu não vou falar
Da miséria vou me esquecer
Com governos vou concordar
Do que vale, se vou morrer?

Na poesia só vai conter
Consolos d’alma do alienado
Meu egoísmo é o que vale ser
Vez que não mexe no meu bocado

E assim a vida sigo voando
A minha história eu vou vivendo
O que me importa é seguir sugando
O meu sanguinho e assim vou sendo

Esqueço tudo e só penso em mim
O meu vizinho nem sei quem é
Que a natureza se acabe assim
Eu nem aí pro que der e vier

Não sou daqui, estou de passagem
Eu sou um inseto, eu não sou gente
Eu vou seguindo minha viagem
Sou só mosquito, não tenho dente
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Roberto Dourado
Enviado por Roberto Dourado em 27/11/2008
Código do texto: T1305937
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