Menor abandonado

Tua carinha é matreira, teus olhos querem gritar

Tua mão foge sorrateira, quando te pego a furtar.

Foges rapidamente, ladeira a baixo

Teus perseguidores violentamente

Atiram-te ai chão, você chora agora

Mal sabem todos como és artista.

Em voltar ao mesmo local não demora

Pois a escola da vida o ensinou.

O manto da fome é espesso

Vira tuas entranhas pelo avesso

E pedes ao deus clemente

Que te tire este fel fervente.

O vento castiga-o torturante

O frio entra pelos trapos, sem piedade

O tremor de teu corpo é incessante

Você chora nesta dura realidade.

Tua cama é o asfalto

Teu prato um latão de lixo

Matar o frio só com assalto

A fome... quem sabe?

São rostos desconhecidos, negrinhos,branquinhos

Magrinhos

Olhos vivazes, incapazes

Ossos apontados, descarnados

Você precisa viver.

A escola da vida o ensinou

A roubar para comer

A roubar para viver

A roubar para sorrir

A cheirar para sonhar

Existem milhares de verdugos, múltiplos juízes

Que lhes prega muitas peças

Que viram sua vida as avessas

E a solução/

Depende de nossa bondade

Dar-lhes um pequeno espaço

Nesta grande humanidade

Que não é tão humana

Onde o amor anda escasso.

sandra canassa
Enviado por sandra canassa em 21/11/2008
Reeditado em 21/11/2008
Código do texto: T1296588
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