A ESTE MENINO DESCALÇO...

A este menino descalço,

que anda pelas ruas

com a dor no olhar,

com a esperança perdida,

e a alma sem meia-sola,

que a cada passo e a cada dia,

sua infância se desfaz,

como castelo de areia.

Quem conhece mais da vida,

que sua alma sem abrigo,

que o vazio de sua barriga?

E quem sabe mais da dor,

mais que o brilho de seus olhos,

sua caixa de engraxate,

e sua infância sem bola,

e seu sonho sem motor?

Pouca coisa é esperança,

quando tudo é agonia,

e pensar no amanhã,

transforma-se em utopia,

quando a fome se balança,

entre os furos de seus bolsos.

Não lhe falem de futuro,

basta acalmar o sofrer,

do passado e do presente,

mil promessas lhe mandaram,

em sonhos sem remetente...

Este menino todos os dias,

tem uma dor para estrear,

um vazio na sua barriga,

que é plena de fantasia,

devemos lutar por ele,

nem todos fomos este menino,

porém muitos podem ser.

Não lhe encham de palavras,

melhor dar-lhe de comer,

para fome não há discurso,

que se possa compreender;

mil promessas lhe mandaram,

em sonhos sem remetente...

Não lhe falem de um amanhã,

contruam-lhe um presente,

o futuro está tão perto,

com os pés calçados,

e o estomago quente,

para sair a buscar-lo!

Koka
Enviado por Koka em 21/11/2008
Código do texto: T1296475
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