A ESTE MENINO DESCALÇO...
A este menino descalço,
que anda pelas ruas
com a dor no olhar,
com a esperança perdida,
e a alma sem meia-sola,
que a cada passo e a cada dia,
sua infância se desfaz,
como castelo de areia.
Quem conhece mais da vida,
que sua alma sem abrigo,
que o vazio de sua barriga?
E quem sabe mais da dor,
mais que o brilho de seus olhos,
sua caixa de engraxate,
e sua infância sem bola,
e seu sonho sem motor?
Pouca coisa é esperança,
quando tudo é agonia,
e pensar no amanhã,
transforma-se em utopia,
quando a fome se balança,
entre os furos de seus bolsos.
Não lhe falem de futuro,
basta acalmar o sofrer,
do passado e do presente,
mil promessas lhe mandaram,
em sonhos sem remetente...
Este menino todos os dias,
tem uma dor para estrear,
um vazio na sua barriga,
que é plena de fantasia,
devemos lutar por ele,
nem todos fomos este menino,
porém muitos podem ser.
Não lhe encham de palavras,
melhor dar-lhe de comer,
para fome não há discurso,
que se possa compreender;
mil promessas lhe mandaram,
em sonhos sem remetente...
Não lhe falem de um amanhã,
contruam-lhe um presente,
o futuro está tão perto,
com os pés calçados,
e o estomago quente,
para sair a buscar-lo!