Olhos de Favela
Olho
Vejo que a vida ainda pode ser bela
Marcada em bala perdida
Resumo de uma noite bandida
Resistindo em cacos...a janela
Olho
Vejo que a neblina não pode cobrir a felicidade
Mesmo que mil vultos me atravessem, sem lenços ou documentos
Mesmo que não possa abrir meus olhos à tempo
Levarei as cenas pra posteridade
Olho
Vejo o esgoto levando de cada barraco o insumo
Lamentando a presença de um batalhão de ratos
Na mesmice de uma especulação sem fatos
À céu aberto escoa o poder do consumo
Desce o morro
O cheiro sobe
Resíduo de gente nobre é assim
Desce o morro
O cheiro sobe
Na favela só é pobre
Quem não bate um tamborim