"MENINO DE RUA"

Ao menino perguntaram.
- Qual terra tu amas mais?
Respondeu com outra pergunta.
- Que diferença isso faz?
Novamente perguntaram.
- Que terra, tu tens mais amor?
Retrucando respondeu.
- Sou brasileiro senhor...
não importa se do norte,
do sul, ou do centro-oeste...
se nasci no estremo sul,
ou no recôncavo do nordeste;
Ou ainda se nasci...
aqui mesmo no sudeste.
Outra vez lhe perguntaram
da sua escolaridade,
o menino respondeu
com toda sagacidade.
- Que importa se nasci...
no campo ou na cidade,
se cursei ensino médio,
fundamental, ou faculdade...
se hoje há tantos doutores
mendigando caridade.
Perguntaram da família,
se tinha mãe, se tinha pai.
- Pai eu tinha, hoje eu não tenho,
mãe, nem cheguei conhecer...
desde pequenino vivo,
mendigando o que comer,
sou um menino de rua
luto pra sobreviver.
Perguntaram sobre os sonhos,
que ele tinha pro futuro,
a resposta foi tão triste
sem orgulho, sem devaneios, 
uma resposta sem brilho
de quem perdeu seus anseios,
que futuro tem alguém...
que não tem pouso nem lar,
que não tem pai, nem irmãos,
nem alguém pra orientá-lo?
Seu futuro é obswcuro;
Seu futuro é um triste fim,
sua sorte é o desprezo...
seu pensamento é assim.