AMÉRICA

Vejo-te América,

em passos firmes, decidida.

Tuas vidas se fundem e clamas a paz.

Antes criança, agora, mulher,

fecunda em liberdade.

São sinais em teu corpo urdidos pelo novo,

um redesenhar pelas mãos antes oprimidas.

Apossadas! Colonizadas!

Seria um grito? Tu reages!

São tuas entranhas a produzir frutos,

antes de outros, agora teus.

No teu pulsar igualitário, sincronias,

ritmando o teu fluir, drenando tuas veias.

Teu sangue!

Novos herdeiros com vontades febris,

vorazes, fiéis!

Aves nascidas em teu seio,

chamados loucos?! Que sejam!

São desdobramentos do novo,

Novo Mundo!

Vênus nascidas em tragédias,

em faces tristonhas e proscritas.

Eu testemunho esta história,

de guerras e insanidades que declinam.

Eu sou parte deste todo,

desta América que renasce

e também sou um grito!

Do cume da castanheira

eu observo.

A minha Amazônia

é filha desvirginada,

americana transgredida.

E sinto nas letras,

as vidas ceifadas pela ilusão

e o silêncio do Dabacuri.

Mas faço de minhas palavras uma esperança:

O GRANDE RIO CORAÇÃO HUMANO NÃO SECARÁ!

Ressurgem por toda a parte os filhos do sol.

Agora é o tempo!

Irmãs de mesmo ventre, do Norte, Central e do Sul!

Deem as mãos,

e face a face se cumpram seus desígnios.

(Londres, 2008)