FÁBRICAS DA MORTE
FÁBRICAS DA MORTE
Contemplo o pão:
O milagre da sua multiplicação
Ocorre bem diante da minha estupefata visão.
No entanto, não é do pão
Tradicional que eu falo:
O que é feito de trigo
E sai, do forno, cálido.
Não, não é este pão
Do qual minhas mãos
Febrilmente falam-exaram.
Francamente,
O pão ao qual dirijo meu protesto
Baldio, agônico e celerado
É áquele que camufla a fome;
É áquele que fomenta a prole de malograda sorte;
É áquele que castra novos, sequiosos, utópicos e edificantes horizontes;
É áquele que erige, molda e alvenariza
As móveis e prolíficas mansões da morte.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA