FÁBRICAS DA MORTE

FÁBRICAS DA MORTE

Contemplo o pão:

O milagre da sua multiplicação

Ocorre bem diante da minha estupefata visão.

No entanto, não é do pão

Tradicional que eu falo:

O que é feito de trigo

E sai, do forno, cálido.

Não, não é este pão

Do qual minhas mãos

Febrilmente falam-exaram.

Francamente,

O pão ao qual dirijo meu protesto

Baldio, agônico e celerado

É áquele que camufla a fome;

É áquele que fomenta a prole de malograda sorte;

É áquele que castra novos, sequiosos, utópicos e edificantes horizontes;

É áquele que erige, molda e alvenariza

As móveis e prolíficas mansões da morte.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

JESSÉ BARBOSA
Enviado por JESSÉ BARBOSA em 10/11/2008
Código do texto: T1275590
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.