Sobre meu nascimento e minha morte!
Não sei quando nasci,
nem o pressinto,
e nada pode assegurar-me,
quando se concretizou
meu nascimento.
Cada dia é nascer um pouco,
e outro pouco morrer, é cada dia;
quando partimos ou quando voltamos,
nascemos e morremos, que ironia!
Nascemos ao termos novas vivências,
morremos ao sofrer uma injustiça,
e crescemos às custas da inclemência,
do sofrer a cada dia com as notícias.
Nada pode dizer-me quando nasci,
se com o primeiro pranto,
ou com o primeiro golpe;
nasci ao sair do ventre de minha mãe,
e nasci ao me sentir mulher;
porém, tenho mil mortes;
que vivo a cada dia,
ao ver a injustiça em tantas coisas.
Enfim, quem sabe,
meu nascimento e minha lápide,
sejam a mesma coisa...