CUMPLICIDADE
Passei por uma rua
e o que vi?
Vi um homem,
ainda moço,
caído na calçada.
E o que fiz?
Absolutamente nada.
Apenas tive olhar
inerte para ver,
olhos que só viam,
mas nada sentiam.
E, no meu silêncio,
fui cúmplice, e fui
covarde, sim, covarde,
pois, como centenas
de olhos da multidão,
somente vi o homem
de borco, no chão,
e meus olhos secos
omissos, iguais àqueles
sem gesto da multidão.
Fort., 06/11/2008