Apelo do condenado
Preso entre grades e concreto
Sem direitos ou temor
Já nem sei mais o que é certo
Se sinto ódio ou amor
Humilhado sem dignidade
Condenado, sem pudor
Co-autora é a sociedade
Do crime que eu sou autor
Por falta de oportunidade, escola e o que fazer
Fui para rua da maldade, para meu pai não me bater
Diziam os populares. Olha, ai o marginal.
Cheguei a maioridade preso neste pombal
Preso e condenado sem direito a reclamar
Que em todo o meu passado cansei de implorar
Um emprego pelo amor de Deus um caderno para estudar
E o governo não me deu, meu pai me mandou me virar
Arrumei um subemprego para a vida melhorar
Meu patrão chamava “ Nego” isto é hora de chegar
Eram cinco da manhã meu horário de entrar
Porque não sabia ler muito menos multiplicar
Então eu peço ao governo, os “ Home” do lado de lá
Salve os meninos de hoje, para amanhã não vir para cá
Que este lugar é horrível, nem tem como se falar
Vejam o pouco de humanidade que existe do lado de cá
Penso e sofro dia á dia, com saudades do meu lar
Era humilde mal cabia uma cama para deitar
Mas eu entrava e saia sem Ter hora para voltar
Condenado por não ler e nem saber assinar
Assinei o que não li, escrevi sem nem saber
Me bateram, aprendi que é melhor obedecer
Condenado a ficar nem mesmo saber porque
Deus ajude este pais, e proteja eu e você.
O Arauto
antes eros