DAMA DA NOITE

Tu me criaste,

me desprezaste.

Eu sou teu fruto

e sou teu luto.

Eu sou sozinha,

nunca sozinha.

Eu te desprezo

e me desprezo.

Escrita em 1988.

Arte: A poesia apresenta quatro dísticos, com versos tetrassílabos e rimas emparelhadas.

* Num país, onde a prostituição cresce vertiginosamente, vai o recado à sociedade que cria essa situação, desampara e marginaliza a pessoa que se prostitui, não tendo programas específicos de sua re/inserção em outro mercado de trabalho; um alerta aos clientes, de que há um ser humano, não um objeto ou uma máquina à sua frente; e um recado às pessoas que pretendem entrar nessa vida, achando ser esta a opção de renda mais fácil.

CRUZ, Ana da. Dama da Noite. In Ao meu Amor. Belo Horizonte: Mazza, 1997. RGBN. 433.912

...