Do pão e circo, ordem e progresso

- Pão e Circo! Pão e Circo! – gritam os daqui

- Pão e Circo! Pão e Circo! – atendem os de lá

Vestidos com suas máscaras vazias e seus narizes de palhaço

Todos fazem parte do mesmo espetáculo.

Os daqui assistem estupendos

ao circo de horrores que se desenrola à sua frente

Os de lá, gargalham à toa

Diante de seu altar verde

- Pão e Circo! Pão e Circo! – gritam os daqui

- Pão e Circo! Pão e Circo! – atendem os de lá

Os daqui recebem com gosto

As migalhas que lhe dão

os de lá, envaidecidos

até se comovem, com seu coração caridoso

Os daqui, clamam e pedem mais

Acostumados que estão

A ver a banda passar

A assistir seu carnaval

A cumprir o “ideal de civilidade”

Como manda o figurino

Os de lá, se deleitam

Deitam e rolam

Mamam e se aprazem

Nas tetas desse “brazil” abençoado

Seguem no picadeiro

Em seus ternos de vidro

A desfilar suas mentiras

Os daqui choram com a novela

Satisfazem seus desejos sádicos com o jornal da nacional

E seguem às gargalhadas

Pedindo mais circo e mais pão

Os de lá riem a não mais poder

Desfiam seu rosário falso

Se fiam na santa ignorância

E se comprazem a brincar de fazer leis.

- Pão e Circo! Pão e Circo! – gritam os daqui

- Pão e Circo! Pão e Circo! – atendem os de lá

Tanto os daqui como os de lá

São um riso só

- porque amanhã é feriado.

Dani Santos
Enviado por Dani Santos em 03/11/2008
Código do texto: T1262730