Do pão e circo, ordem e progresso
- Pão e Circo! Pão e Circo! – gritam os daqui
- Pão e Circo! Pão e Circo! – atendem os de lá
Vestidos com suas máscaras vazias e seus narizes de palhaço
Todos fazem parte do mesmo espetáculo.
Os daqui assistem estupendos
ao circo de horrores que se desenrola à sua frente
Os de lá, gargalham à toa
Diante de seu altar verde
- Pão e Circo! Pão e Circo! – gritam os daqui
- Pão e Circo! Pão e Circo! – atendem os de lá
Os daqui recebem com gosto
As migalhas que lhe dão
os de lá, envaidecidos
até se comovem, com seu coração caridoso
Os daqui, clamam e pedem mais
Acostumados que estão
A ver a banda passar
A assistir seu carnaval
A cumprir o “ideal de civilidade”
Como manda o figurino
Os de lá, se deleitam
Deitam e rolam
Mamam e se aprazem
Nas tetas desse “brazil” abençoado
Seguem no picadeiro
Em seus ternos de vidro
A desfilar suas mentiras
Os daqui choram com a novela
Satisfazem seus desejos sádicos com o jornal da nacional
E seguem às gargalhadas
Pedindo mais circo e mais pão
Os de lá riem a não mais poder
Desfiam seu rosário falso
Se fiam na santa ignorância
E se comprazem a brincar de fazer leis.
- Pão e Circo! Pão e Circo! – gritam os daqui
- Pão e Circo! Pão e Circo! – atendem os de lá
Tanto os daqui como os de lá
São um riso só
- porque amanhã é feriado.