PALAVRAS PÓSTUMAS

Aqui jaz o pensar morto em faces de limo no subsolo,

pungente visceral em letras findas e gélidas.

Em rosto de poema soturno coberto por vermes;

o adubo para o nascer das lepidópteras lúcidas.

São os ventres livres que se firmam a cada ciclo,

sensíveis a fagulhas possíveis da existência.

Se dando conhecer pelo desprendimento,

dos exoesqueletos que antes eram as máximas sociais,

e que agora se regram putrefatos em palavras pueris.

Sepultou-se entre raízes toda a fraqueza dos traços,

e vigorosa seiva escorre em novas direções.

O pulsar cessou e deste brotaram gerânios,

cada junco testemunha o seu transformar ao sol,

cada verme traz a contrapartida do novo.

É o ser transcendental em sua pátria de destino,

em desalinho produzindo harmonia,

a vida pulsando na morte de todos os preconceitos

que nos impede a paz das aves livres.

É o triunfar do self desperto, a diversidade social

florescendo no cadáver destes atos e palavras insanos.

Extirpados por produzirem a discórdia,

a animalidade e retrocessos humanos.

É a morte dos pensamentos obtusos, cruéis;

tornando possível a convivência social, a paz.

Renascer, e saber ser preciso um nascer constante.

Londres, 2008

Iva Tai
Enviado por Iva Tai em 02/11/2008
Reeditado em 14/11/2008
Código do texto: T1261160
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