A NÉVOA DE PANDORA

A NÉVOA DE PANDORA

Assentadas na colina pênsil sobre a selva de pedra,

Pessoas lançam seu olhar ao firmamento

E vêem numa marcha frenética

Se aproximar delas a sádica névoa do tormento.

Os olhos transidos,

Como a injetar um ânimo febril no cérebro,

Esquadrinham particularíssimas congostas

Onde sabem que afloram escaninhos seguramente sombrios.

Alheia a tal ardil,

A névoa desprende de si

Diminutos cilindros de chumbo que descerram

Escarlates cataratas sem calma ou fecundam

Sementes, flores, florestas, floras do crepúsculo.

Quão, quantos

Cristais, Pérolas, Seivas potencialmente producentes

Que não serão

Carmelas, fulgurantes Auroras, Auréolas,

Diamantes de lume pungente, A Ébana Florescência mais Bela...!

No entanto, em vez disso,

Ela evoca tétricas noites diurnas

Que transformam airosas rosas betúmicas

E açucênicas aquarelas européia-iorubânicas

Em cálidas sepulturas.

Finalmente,

É assim a jacarandânica câmara de gás contemporânea...

É assim a aura da vil-metálica chama...

É assim que caminha a extrordinária e magnânima civilização humana!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA