Vem!

Trêmulas as mãos se aquecem,

e no aconchego do espaço, os braços

desatam a chamar a ave matutina.

E de nada se sabe do barulho dos homens,

na quietude de dias meditados.

O reinado é de quem aprendeu o silêncio,

do agir que se processa de dentro para fora,

do amante que fez da noite o seu poema,

da amada que fez da serenidade o seu pulsar,

e da ave que habita o melhor de nós.

Vem! Escalas as candeias da vida,

e defendes na aurora a conquista da paz.

Os traunsentes logo chegarão aos milhares,

e aprenderão contigo a ter olhos de águia.

Pois da esfera se colher as multiplicidades,

e são elas que te latejam os poros.

Vem! Este é o tempo dos sinais,

o avesso de cada um, o ser e o “ser”.

Das apostas que se fazem pela fé,

pelas causas naturais e sonhos.

Por palavras que trazem mudanças

e irradiam-se além da aurora boreal.

O que será de nós, se acaso desistirmos?

E se dormirmos em cima da ponte das horas?

Teremos o peso dos séculos na garganta,

e asas molhadas a nos precipitar a abismos,

e vidas desfeitas e ausentes de amor,

e pesadelos em vez de sonhos.

Vem! Façamos a diferença...

Paris, 2008

Iva Tai
Enviado por Iva Tai em 22/10/2008
Reeditado em 23/10/2008
Código do texto: T1241848
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