Era dos Extremos
O destino dos
Homens me
Preocupa
Toda vez que
Vejo aquele
Que não come
E aquele que
Não dorme
Com medo daquele
Que não come,
Fecho os olhos
Em prece e
E peço por eles,
E peço por nós.
A indiferença
Dos homens (a nossa)
Me preocupa.
A perplexidade
perante ao descaso
Me estarrece.
Os milhares
De famintos do
Mundo me
Entristece, me
Desespera,
Me desestrutura e
Desestrutura o
Mundo.
O homem, esse insensível,
Passa sem ver
Seu irmão sem pão,
Ignora-o, desidentifica-se...
Mas, como? É seu igual...
O homem, esse animal
Mais lindo,
Está de desfazendo
Em indiferença.
Seu coração está
Vazio de amor, de caridade.
A dor do outro
Não lhe diz respeito.
Fechou-se num
Casulo impermeável e
Lá permanece, ignorando
A dor e o sofrimento
Alheios: não vê
A solidão, a mão estendida,
A desolação.
Os desposuídos
Da vida me preocupam:
A insensibilidade dos
Que têm e as lágrimas
Dos que não têm.
A dor do mundo
Me aflige:
Nada me comove mais que
O sofrimento humano.
Nada me dói tanto
Quanto o olhar de
Desespero da fome, da
Miséria, do medo.
Nada me comove mais
Que a segregação:
Seja em que matiz for:
Racial, social, política,
Religiosa.
Nada deveria doer tanto
Em quem quer que seja
Os milhares de famintos, de
Excluídos, que no
Mundo não têm
Um lugar para ocupar,
Para estar, para abrigar-se,
Para banhar-se,
Para fazer seu canto e
Canto de paz
Nada me comove tanto
Em ver a solicitude
De uns e o pouco
Compromisso de outros
Para com "os outros", esses
Seus irmãos.
Vivemos a era dos extremos:
Extrema pobreza, extema miséria
Extremo egoísmo,
Extrema indiferença,
Extremo desamor...
Retomar do zero:
Eis a única esperança,
Que permita Deus:
Não seja vã!
Lenir Castro
12.0ut.2008
Dia de Nossa Senhora Aparecida