ERA UMA VEZ :JOSÉ

Corpo franzino esse menino

Desde os quatro anos na labuta

Catando plástico,alumínio,papel...

A vida o fez se virar

Construindo sonhos,segue adiante sua jornada

Uma família depende dele

Comida,nem tanto,só o que sobra da feira

Vestimenta,o que lhe dão

Diversão,viver um dia após o outro

Educação,nunca ouviu falar disso

Escrever não pode

Sua rotina é seu diário

Carrega nos ombros o peso do mundo

Velho,aos quinze anos

Mulher nunca teve

Seu sonho de amor é comer mortadela com coca-cola

Coitado do Zé,me sinto íntimo dele

Passa por nós e não o vemos

Uma bala tirou-lhe a respiração

É só mais um,a família se vira

Entregues a sua própria sorte

Deixam flores de plástico no túmulo

Essas não morrem

Morreremos de vergonha algum dia?

LÉO VINCEY
Enviado por LÉO VINCEY em 09/10/2008
Código do texto: T1219801
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