UM GESTO

A gente escuta no peito

o vagir do coração,

quando se vêem crianças

pedindo um naco de pão.

Elas se vão pelas praças,

aí, em geral, seu lar,

onde a vida lhes impinge

as pedras que irão pisar.

O que deveras compunge

é saber que esses miúdos

podiam traçar um rumo,

se fossem para os estudos.

Mas a vesga mão de Estado,

por omissão disfarçada,

entorta os passos infantes

de uma grei abandonada.

E a meninada de rua,

na rua, melhor diremos,

só precisa mais de um gesto

e de pão já muito menos.

Fort., 08/10/2008

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 08/10/2008
Código do texto: T1217013
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.