Na minha via crucis diária
Perambulando com incertezas
Me pego sendo notado
Por olhares reprovadores
Daqueles que desconhecem
O cortante frio da noite
Que chega a doer os ossos.

Minha cama, é o piso da marquise
O cobertor, por vezes , imundos jornais
No estômago, apenas a vontade
De um alimento qualquer
É tanta a minha fome...
Que não consigo dormir,
Quando não mais suporto
A fadiga da inapetência
Não resisto noite a dentro
Com aquela fome danada
Só me resta como consolo
Uma cachaça que me embriague
Para que eu adormeça,
E ao nascer de um novo dia
Ressacado, e sem alento
possa então partir,
para um novo intento.

Sou o produto de mim mesmo,
Entreguei-me à mendicância
Não sei se a culpa é minha
Ou da indiferença
dos olhos do mundo
E se não tive forças
para ir a luta
Triste fim!!
Na sarjeta vou perecer!



Diná