ANTES DO CARNAVAL

Cantava um samba maneiro,
Quando caiu de cima,
Do velho e podre andaime,
Rodopiou no espaço,
Gritou no descompasso,
Um abraço cor de sangue,
Sem vida – sem rima,
Na cerca de arame.
O sábio engenheiro,
Culpou o mestre de obras,
Que culpou o encarregado,
Que não aceitou calado,
Pôs a culpa no pedreiro,
Esse sem ter a quem culpar,
Ficou a gesticular,
Mandou todos à puta que pariu,
E saiu indignado.
Era meados de janeiro,
Desgraçadamente,
O pobre servente não viu,
O carnaval chegar.