EXCLUÍDOS

Anda muié! Acuda aqui depressa!
Ajunta tudo! Tudo aqui inda presta!
Inté as lona cum fresta
qui tampa nosso barraco.
As cria, dexa qui eu levo!
Inda num tô ansim tão fraco.
Só me arcança os meu chinelo...
e o boné, aquele quebrado na testa.

Mais homeI, tudo aqui é só tráia!
Tacá fogo fazia mió festa!

Tu tá doida varrida?
Minha véia, essa tráia
é a dignidade qui nos resta.
É tudo qui nóis tem na vida.
Já qui a tar de sociedade embesta,
diz qui nóis preto, véio, pobre,
colono, num presta
i qui as leis, ah, ah, ah...
as lei é só prá nóis cê cumprida!

Mais me a descurpa minha véia
tu num tá ficando lôca,
tudo aqui é coisa pôca,
eu inté já num sei mais o qui falo.
Nas minhas mão só tenho calo,
só sei vive da construção, da prantação...

Mais vergonha inda tenho na cara!

Tenho tu minha véia,
nossos fio, nossa fia
e isso inté dispois da morte
eu levo de arrasto.
Já qui pra eles mais importa
uma vaca no pasto
qui eu cum trabáio
sustentá minha família!

Anda logo muié! Num dexa nada!
A panela enfumaçada, a foice,
o facão, a enxada...
quem sabe na próxima parada
a gente pranta e colhe os alimento.
Os piá percisam di mais sustento.
Prá nóis dois,
basta um assussego prá alma!
Tecelão de Fantasias
Enviado por Tecelão de Fantasias em 04/10/2008
Reeditado em 04/10/2008
Código do texto: T1210932
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