O FALSO SENADOR

Um sujeito tímido e feio,

surgiu um dia neste estado,

veio do sertão piauiense

e por ser de terra forense,

chegou cá meio desconfiado

trazia uma grande mala quadrada,

e uma calça velha e retalhada,

era o que lhe cobria todo lado.

Dizia ser homem de andança,

um dia aqui, outro Deus encaminha,

e assim levava sua pobre vidinha,

do lado que o vento balança,

não era de guerra o sujeito,

e marcas ele tinha no peito,

da caatinga essa herança.

Uns trocos o rapaz apresentou,

no pequeno hotel da cidade,

lugar de pouca hospitalidade,

da pra tres dias, o dono sentenciou,

fico hoje, amanhã vou embora,

dificil serviço nestas hora,

em que a eleição se aproximou.

O dono da muquifa era candidato,

sujeitinho de maquinação,

boto pra funcioná a imaginação,

não ia perder esse falador nato.

Roupa arrumou para o sujeito,

e logo gente era feito,

Um senador falso de fato.

No dia seguinte meio sem jeito,

o sujeito com fantasia de autoridade,

foi levado a praça da cidade,

pra ver se ajudava o pilantra no pleito.

E falando como o homem da cobra,

a população veio de sobra,

pra ver o senador do futuro eleito.

Fogos e barulhentos vivas

abrilhantavam a grande festa,

mas no meio da gente modesta,

há sempre um especulador,

que desconfiado do suposto senador,

que tinha uma grande testa,

e só podia ser esta,

armação do candidato maquinador.

Preparou rápido o armamento,

sabia a fama nordestina pra negociar,

olhou o chapéu do parlamentar,

fez a proposta pro elemento,

e ele sem titubear aceitou os reais,

pois se encontrava sem capitais,

e agora também sem o paramento.

E foi o paletó e o resto da roupa,

ficando o pobre meio pelado,

e com o "poder" meio desajeitado,

fugiu em meio a grande perseguição,

o candidato perdeu a eleição,

essa dupla que brigou pela conquista

nunca mais por essas bandas foi vista

faltou astúcia a raposa e raiva a população.

Malgaxe
Enviado por Malgaxe em 30/09/2008
Reeditado em 28/07/2010
Código do texto: T1204706
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