O INCLUIR PARA EXCLUIR

Inicialmente se chamou a atenção

Para as possibilidades de visão,

De um tema igual a este apresentar,

Tudo depende de onde se quer falar.

Falar de inclusão

É sempre um desafio

Frente a tanta exclusão

Revela a “curva do rio”.

Discursos feitos no ar

Em nada vão adiantar

A realidade deve ser pensada

A partir da vida encarnada.

Porque muitas pessoas, seres

Vivem na marginalidade

Sem acesso aos prazeres

Sofrem com a mediocridade.

A ideologia capitalista os penaliza,

Responsabiliza e isto os fragiliza.

No mundo desigual, meritocracia

É sinônimo de demagogia.

Á inclusão vem à vida “resolver”

Dos sem emprego, sem escola...

Mas tudo que esta a fazer

É a estes “sem”, dar esmola.

Ora, se numa competição

Uns vão a pé e outros de avião

Absurdo exigir do perdedor

Que aplauda o vencedor.

Aderimos o discurso da inclusão

Que sem a prática fica “oco”

Pois, longe de sua realização

Excluídos só “levam coco”

Com o discurso ideológico, a prática,

Numa sociedade do fazer, estática:

Todos são movidos a “correr atrás”

Neste jogo ninguém tem paz.

IN-CLUIR é colocar para dentro

EX-CLUIR é colocar para fora

O capitalismo é o parâmetro

Sua lógica exclui toda hora.

Este poema busca revelar o mal

Que existe num mundo desigual:

A lei esta continuamente a prender

Negros, pobres estão a sofrer.

Não há igualdade

Quando na sociedade

Duas escolas se têm

Diferencia-se os seres também.

No passado pessoas deficientes

Sobretudo, se de famílias carentes

Eram lançadas no precipício

Consideradas como um malefício.

Com o desenvolvimento histórico

Sobreveio um fato notórico.

Mascarou-se esta realidade

Com o apoio da cristandade.

A partir dos anos trinta

O Estado volta intervir

Direitos sociais, pinta

Para o capital persistir.

Agora na atualidade

Vivemos reformas, na desumanidade,

Direitos são retirados, dos trabalhadores,

Com discursos encantadores, libertadores.

Hoje o “cidadão” se encontra,

Sem direitos, se desmonta.

“Claramente”, a ética não permite matar

Ironicamente, o povo esta a sangrar.

Ser “cidadão” nada garante

Direitos estão cada vez mais distantes.

No entanto, somente através da união,

Cambiaremos esta situação.

Outrora “seres deficientes”

Trancafiados, “eram ausentes”.

O “problema inclusão” era particular

Cada família tinha que se virar.

Mas, aos deficientes se afirmou,

E direitos a “eles” se “doou”,

Se isto não se concretizar

Esta mentira vai se revelar.

A sociedade criou este problema

E por isso ela terá de resolver

Ela é pai e mãe deste dilema

A isto é chamada a responder.

Resolver o problema da inclusão

É resolver o problema da capitalização

Quem domina sabe que nada vai resolver

E, beneficiado, continua a todos entreter.

O princípio comunhão, comunista

Parte de cada um em sua possibilidade

Respeitando a diversidade, singularidade

Verdadeira solução, princípio humanista.

Somente a união dos trabalhadores

Romperá com os opressores

Esta é uma condição

Se queremos a transformação.

Por trás destes discursos

Inclusão ou exclusão

Reina a dominação

Não existe “in-exclusos”

Se todos fazemos parte

Da totalidade social

Este “discurso é uma arte”

Que a todos faz mal.

O que deve ser alterado

É o capital inalterado

Problemas sempre vai haver

Enquanto o capital for poder.

SolguaraSol
Enviado por SolguaraSol em 23/09/2008
Código do texto: T1192767