Caras

Caras que estampam um semblante

Caras que cumprem obrigação

Que nada revelam num instante

Caras da última edição

Caras que Caracas teme

Um novo golpe e se espreme numa perpetuação...

Caras que espalham sementes

De suor e lágrimas no chão do sertão

Caras que ratificam sempre a sua posição

Caras que endurecem a ocupação

Caras são buchas de canhão

Com coragem, cara limpa e coração

Caras com caraminhola para a discussão

Cara a cara com viola, voz e percussão

Caras que comem cará,

macaxeira, jabá, arroz e feijão

Caras do cinema novo

Que encarnou do povo sua inspiração

Cara feio de coração livre

Caras livres sem saber que são

Cara-metade encontrada

Que é uma piada fora da paixão

Cara de bicho preguiça

Que ninguém cobiça pra ser seu irmão

Cara do cartaz procura-se

Que mata e simula a desaparição

Caras que vejo e que gosto

Mas nem sempre posso estender-lhe a mão