Maturidade Transviada
Quando envelhecer
Terei uma vida serena,
Caminharei pelas ruas, por uma praça pequena,
Assistirei, absorto na praia, a luz do entardecer;
Quando envelhecer
Contarei a todos o que vivi,
Das ruas por que passei, dos momentos em que sofri,
Da vida como ela era, do que já não posso fazer...
Quando envelhecer
Quero todos os que amo ao meu lado;
Quero um café pequeno, um lençol bordado,
Um dia de chuva e um teto onde me acolher.
Envelheci...
E agora eu vejo
Com um olhar perdido
Que fui enganado, iludido;
A vida ingrata trata-me com gracejo!
E eu que esperava
Ter uma cama pra dormir,
Um livro para ler e um motivo pra sorrir...
Não tenho nada!
As ruas são escuras,
O chão é frio como gelo,
Ninguém me ouve, ninguém atende o meu apelo...
Passo a vida a perambular nas ruas.
Agora... como é lento o meu passo!
E a minha felicidade se resume
A uma dormida sobre o estrume
E a um cão no meu regaço!
Samantha Medina