FORRINHO DE ALTAR!

Comecinho...

não é remendo!

tecendo... eu

apenas tecendo...

fiz um buraquinho...

pequenininho...

de um tecidinho...

com primeiras camadinhas

todas fininhas e coloridinhas.

Para enfeitar,

vai enfeitar,

uma mesinha,

comprada aqui,

ou acolá!

Olho o meu trabalhinho,

virou forrinho de mesa,

de pequenininho,

tornou-se grandinho,

bem usadinho,

com muitos buraquinhos,

e está tão velhinho,

que pediu bem baixinho:

-aposentadoria!

Novamente um buraquinho,

trancinha de primor,

em tecidinho maior,

de linha multicor.

Fiz novamente a primeira,

a segunda camadinha.

Penso no tempo tempinho

da vidinha escritinha

discretinha, sem relevos,

e analiso precisamente,

que o meu trabalhinho...

que depois de tecido,

está sempre sozinho...

Olho para o meu trabalhinho,

será forrinho de mesa?

vai enfeitar uma mesinha,

bem compradinha,

aqui ou acolá?

Mas o pequenino,

sem comecinho,

já é um remendo,

e que remendinho.

Teço...teço...teço...

mas não rendo....

e ele também

nunca rende...

Eu nunca rendo...

e o forrinho fica lá,

tortinho, num canto.

será que vai enfeitar....

mesinha compradinha

aqui ou acolá?

Quem sabe?

um momento,

momentinho,

basta para tecer

uma vida vidinha

de uma pessoa

que só é pessoinha.

Quem sabe?

terá um altar

onde colocará

um forrinho de mesa,

o seu forrinho de mesa,

de renda...rendinha....

para todo mundo notar.

dezembro de 96

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 13/09/2008
Reeditado em 16/01/2010
Código do texto: T1175837
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