FORRINHO DE ALTAR!
Comecinho...
não é remendo!
tecendo... eu
apenas tecendo...
fiz um buraquinho...
pequenininho...
de um tecidinho...
com primeiras camadinhas
todas fininhas e coloridinhas.
Para enfeitar,
vai enfeitar,
uma mesinha,
comprada aqui,
ou acolá!
Olho o meu trabalhinho,
virou forrinho de mesa,
de pequenininho,
tornou-se grandinho,
bem usadinho,
com muitos buraquinhos,
e está tão velhinho,
que pediu bem baixinho:
-aposentadoria!
Novamente um buraquinho,
trancinha de primor,
em tecidinho maior,
de linha multicor.
Fiz novamente a primeira,
a segunda camadinha.
Penso no tempo tempinho
da vidinha escritinha
discretinha, sem relevos,
e analiso precisamente,
que o meu trabalhinho...
que depois de tecido,
está sempre sozinho...
Olho para o meu trabalhinho,
será forrinho de mesa?
vai enfeitar uma mesinha,
bem compradinha,
aqui ou acolá?
Mas o pequenino,
sem comecinho,
já é um remendo,
e que remendinho.
Teço...teço...teço...
mas não rendo....
e ele também
nunca rende...
Eu nunca rendo...
e o forrinho fica lá,
tortinho, num canto.
será que vai enfeitar....
mesinha compradinha
aqui ou acolá?
Quem sabe?
um momento,
momentinho,
basta para tecer
uma vida vidinha
de uma pessoa
que só é pessoinha.
Quem sabe?
terá um altar
onde colocará
um forrinho de mesa,
o seu forrinho de mesa,
de renda...rendinha....
para todo mundo notar.
dezembro de 96