REFEM DO MEDO

Em minhas portas tem grades

Meus portões cadeados

Meus olhos tem o medo

Meu coração o desespero

Em minha garganta um grito guardado.

Tenho receio de pôr a cara lá fora

Pois quero sair com a certeza que volto

Quero ter o sol tocando o meu rosto

Não uma bala perdida,

encontrando-se com meu corpo.

Quero ser livre de fato,

E não ser refém do medo,

Não quero ter que fazer a triste escolha

Se vivo minha vida com liberdade

Ou se vivo uma vida na clausura

Pela sensação sufocante

De que ao sair

alguém me ataque.

Estas almas perdidas estão soltas por ai

Sem teto, sem amor, sem dignidade

Em uma vida errante, vão aos poucos

Desfigurando seu caráter

Caminham sem destino, sem dar valor a vida.

Rindo do cidadão, que sofre e tem medo

Que na contradição de estar livre vive preso,

Por causa da impunidade.