Noite escura
A noite descera tristonha
Sobre a terra em convulsão...
A lua com seu olhar bisonho
Escondia sua face pálida
Por entre nuvens em arrastão...
Para onde foi o brilho do sol
Que há pouco clareava a terra?
As sombras dos transeuntes
Faziam reflexos imóveis no farol
E o manto negro da noite cobria as serrras...
Tudo era solidão naquele espaço...
Até a luz opaca da lua fora embora
Sugada pela negritude do laço
Que a noite enforcara a terra...
Só se ouviam, de longe, estardalhaços...
Homens do mal com escopetas
Matavam homens e crianças...
E os deixavam pelas sarjetas...
Matavam sonhos e esperança
O mal penetrava em suas entranhas...
Cadê as estrelas com seu brilho
Que iluminavam faces de mães e pais
Apressados em busca dos seus filhos?...
Tudo estava soturno; não se viam mais
O mar azul, o sorriso nos lábios e, no olhar, a paz...