“RETIRANTES”.
Eu vi tanta gente alegre
Sem ter nem o que comer,
Por que o céu escureceu
E começou ali chover.
Gente simples e honesta
Gente pobre e sofredora,
Pé de valsa bom de festa
Cultivadores de lavoura.
Andam léguas para ter água
Pote de barro pesado...
Sequer no peito tinha mágoa
Pés descalços, pé rachado.
Bons no cabo da enxada
Fé em Deus tinham de sobra,
Às suas mãos calejadas...
Nem tinham medo de cobra.
Os primeiros retirantes
Paus-de-arara chamados,
Vindos de muito distante
Sertanejos arretados.
Caçadores de diamantes
Sem lucrar dos seus achados,
Vivem tristonhos iguais antes
Brasileiros desprezados!