RAPARIGAS DO TEJO

RAPARIGAS DO TEJO

Senhora de grande beleza

E afoita para amar,

Saía Maria pra vida

Querendo o mundo abraçar.

Nos passeios das bodegas

Vivia Maria a errar

Na esperança d'um dia,

Seu cavaleiro encontrar.

Enquanto tal hora não vinha

Com outros Maria deitou,

Sonhando mesmo acordada

Co'a vida que sempre almejou.

Partida de Trás os Montes

Para Lisboa migrou,

Quem sabe a sorte seria

Mais amiga de Maria.

A rapariga, contudo,

Das dores não se apartou

E por mais que passassem anos,

Lá estava Maria a chorar

O amor que sempre sonhou.

Cansada da lida que tinha,

Ao Tejo seu corpo lançou,

Enquanto a alma partia

Dilacerada na dor,

Livrava-se da triste sina

Maria, que nunca amou.

Quantas Marias por lá,

Ficaram ainda a sonhar?

Claudio De Almeida
Enviado por Claudio De Almeida em 06/08/2008
Reeditado em 29/04/2017
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