RAPARIGAS DO TEJO
RAPARIGAS DO TEJO
Senhora de grande beleza
E afoita para amar,
Saía Maria pra vida
Querendo o mundo abraçar.
Nos passeios das bodegas
Vivia Maria a errar
Na esperança d'um dia,
Seu cavaleiro encontrar.
Enquanto tal hora não vinha
Com outros Maria deitou,
Sonhando mesmo acordada
Co'a vida que sempre almejou.
Partida de Trás os Montes
Para Lisboa migrou,
Quem sabe a sorte seria
Mais amiga de Maria.
A rapariga, contudo,
Das dores não se apartou
E por mais que passassem anos,
Lá estava Maria a chorar
O amor que sempre sonhou.
Cansada da lida que tinha,
Ao Tejo seu corpo lançou,
Enquanto a alma partia
Dilacerada na dor,
Livrava-se da triste sina
Maria, que nunca amou.
Quantas Marias por lá,
Ficaram ainda a sonhar?