UMA RUA , UMA PATENTE
A noite já escurece todo o horto,
inebriantes são os seus perfumes.
Claridade vê-se junto ao porto,
ribalta profana, velhos costumes.
E a rua engalanada convida,
a vida sem vida a se alegrar.
E a multidão vai e vem incontida
como águas num convés a bailar.
Se espremem na balbúrdia das escadas
que conduzem a pobres nichos do "querer".
Lá , almas presas tangidas , dissecadas,
por uns réis alugam-se ao prazer ?
Pobre lua promíscua pela fresta,
pobre anjo caído seminua .
Pobre *General que o nome empresta!
A tão nobres antros e nobre rua ?
Naufragados em pântano mórbido,
morféticas vidas em pedaços vão
mortificando suas almas sob teto sórdido,
no umbral de passagem à venérea relação!
Crianças, jovens e velhas vejo ainda,
nas janelas e portais desses casarões.
Dizem, na mais natural e infinda,
da mais antiga das profissões!
SBC-SP. [ *Rua General Câmara-Santos/SP.zona do meretrício ]
30/04/2003