UMA RUA , UMA PATENTE

A noite já escurece todo o horto,

inebriantes são os seus perfumes.

Claridade vê-se junto ao porto,

ribalta profana, velhos costumes.

E a rua engalanada convida,

a vida sem vida a se alegrar.

E a multidão vai e vem incontida

como águas num convés a bailar.

Se espremem na balbúrdia das escadas

que conduzem a pobres nichos do "querer".

Lá , almas presas tangidas , dissecadas,

por uns réis alugam-se ao prazer ?

Pobre lua promíscua pela fresta,

pobre anjo caído seminua .

Pobre *General que o nome empresta!

A tão nobres antros e nobre rua ?

Naufragados em pântano mórbido,

morféticas vidas em pedaços vão

mortificando suas almas sob teto sórdido,

no umbral de passagem à venérea relação!

Crianças, jovens e velhas vejo ainda,

nas janelas e portais desses casarões.

Dizem, na mais natural e infinda,

da mais antiga das profissões!

SBC-SP. [ *Rua General Câmara-Santos/SP.zona do meretrício ]

30/04/2003

José Alberto Lopes
Enviado por José Alberto Lopes em 11/02/2006
Reeditado em 18/05/2023
Código do texto: T110652
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