CABEÇA-DE-NEGRO

Naquele reinado onde a terra é fértil,

tudo que se planta dá,

o trono era verde amarelo,

os príncipes vestiam vermelho

no palácio azul caramelo,

a Coroa aparentemente era o espelho,

fulgurava, reluzia no florão da América,

mas tudo tem um preço $real,

e no labirinto palaciano,

alianças espúrias, acordos secretos

sustentavam aquele reinado sul americano;

E o povo? Ah! Os súditos

sobreviviam da esperança prometida,

matavam a fome com brioches de sonhos,

como sonho foi o trabalho, a lida,

sofriam impotentes, sem vertentes,

noite sem lua, nem estrelas...

os vassalos-bonecos exploravam o tesouro,

arrancados do povo já sem couro.

O rei? Borboleteava em sua carruagem voadora,

perdido no deslumbramento imperial,

tornava realidade a irreal revolução dos bichos, afinal

a ideologia experimentava o poder,

se embebedando com o veneno da ambição,

mas nesta Partilha Tenebrosa, a escusa ação

da avidez, da ganância escabrosa,

espalhou-se nos corredores e salas da arrogância,

exalando os odores da podridão,

até que explodiu a Cabeça-de-Negro

na fala de um desgarrado,

e nobre cabeças rolaram no tapete sem chão,

os Silvas, Souzas, Marias

viram a verdadeira face da corrupção,

ainda assim naqueles dias,

o rei sorria .... Sem sorte, sem trilho,

na coroa uma estrela sem brilho,

no ar um clamor mudo, forte,

a imponência desandou.

E quem quiser escreva outra história,

porque essa ainda não acabou ...

(Republicação)

A.Jorgê

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08/05

ANDRADE JORGE
Enviado por ANDRADE JORGE em 28/07/2008
Reeditado em 02/11/2018
Código do texto: T1101078
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