CABEÇA-DE-NEGRO
Naquele reinado onde a terra é fértil,
tudo que se planta dá,
o trono era verde amarelo,
os príncipes vestiam vermelho
no palácio azul caramelo,
a Coroa aparentemente era o espelho,
fulgurava, reluzia no florão da América,
mas tudo tem um preço $real,
e no labirinto palaciano,
alianças espúrias, acordos secretos
sustentavam aquele reinado sul americano;
E o povo? Ah! Os súditos
sobreviviam da esperança prometida,
matavam a fome com brioches de sonhos,
como sonho foi o trabalho, a lida,
sofriam impotentes, sem vertentes,
noite sem lua, nem estrelas...
os vassalos-bonecos exploravam o tesouro,
arrancados do povo já sem couro.
O rei? Borboleteava em sua carruagem voadora,
perdido no deslumbramento imperial,
tornava realidade a irreal revolução dos bichos, afinal
a ideologia experimentava o poder,
se embebedando com o veneno da ambição,
mas nesta Partilha Tenebrosa, a escusa ação
da avidez, da ganância escabrosa,
espalhou-se nos corredores e salas da arrogância,
exalando os odores da podridão,
até que explodiu a Cabeça-de-Negro
na fala de um desgarrado,
e nobre cabeças rolaram no tapete sem chão,
os Silvas, Souzas, Marias
viram a verdadeira face da corrupção,
ainda assim naqueles dias,
o rei sorria .... Sem sorte, sem trilho,
na coroa uma estrela sem brilho,
no ar um clamor mudo, forte,
a imponência desandou.
E quem quiser escreva outra história,
porque essa ainda não acabou ...
(Republicação)
A.Jorgê
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08/05