SOCIEDADE CONSUMIDA

Compre aquela roupa, entre na moda e busque a física beleza;

Chore com as televisivas tristezas, cante a música que faz sucesso;

Se todos vão então compre o ingresso, se todos são então seja;

Ou seja, desse poema fabricado, orgulhe-se de ser verso!

Se estão correndo, corra também e nem pergunte o motivo;

Leia aquele livro, já que o mesmo virou febre;

Coma o que se come, beba o que se bebe, e esqueça o crivo;

Ou seja, faça pouco caso das distinções entre gato e lebre!

Fume o cigarro, beba bastante, porque tudo isso é puro charme;

Ignore os alarmes, e tudo que te previne a medicina;

Lança a sabedoria nessa latrina, transforma tua feição em charge;

Ou seja, nem reage e aceita tua manipulada sina!

E que meu grito de revolta se contente com meus aplausos;

Porque odeio todo discurso falso e choro pela falta de personalidade;

Que a marionete que se diz sociedade, repense seu passo em falso;

Ou seja, que do próprio cérebro pela menos sinta saudades!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 26/07/2008
Reeditado em 29/07/2008
Código do texto: T1098444
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