SOCIEDADE CONSUMIDA
Compre aquela roupa, entre na moda e busque a física beleza;
Chore com as televisivas tristezas, cante a música que faz sucesso;
Se todos vão então compre o ingresso, se todos são então seja;
Ou seja, desse poema fabricado, orgulhe-se de ser verso!
Se estão correndo, corra também e nem pergunte o motivo;
Leia aquele livro, já que o mesmo virou febre;
Coma o que se come, beba o que se bebe, e esqueça o crivo;
Ou seja, faça pouco caso das distinções entre gato e lebre!
Fume o cigarro, beba bastante, porque tudo isso é puro charme;
Ignore os alarmes, e tudo que te previne a medicina;
Lança a sabedoria nessa latrina, transforma tua feição em charge;
Ou seja, nem reage e aceita tua manipulada sina!
E que meu grito de revolta se contente com meus aplausos;
Porque odeio todo discurso falso e choro pela falta de personalidade;
Que a marionete que se diz sociedade, repense seu passo em falso;
Ou seja, que do próprio cérebro pela menos sinta saudades!