DO POETA PARA SEU POVO

Muito cuidado povo meu, com os pseudo-poetas do branco colarinho;

Que abandonaram seu sorrateiro ninho, pra iniciar sua caça predatória;

Repete-se aquela mesma história, e vemos mártires e mágicos surgindo;

Diante das telas chorando e por trás delas sorrindo, almejando os lucros da vitória!

Cuidado com seus versos messiânicos e seu sofismo convincente;

Eles apostam contra a sua mente e te aliciam à vil permuta;

Se tua consciência de fato me escuta, então ela é das poucas que não se vende;

Mas se for mais uma que se rende, que tome assento dentre as almas prostitutas!

Logo ouviremos belas estrofes com suas rimas de promessas;

Feições angelicais nas gráficas impressas, que desceram do céu para o mundo salvar;

Nos palanques a bradar que a dignidade popular para eles tem pressa;

Mas o que de fato lhes interessa, poucos olhares haverão de constatar!

Acorda povo meu, que a verdadeira poesia não se afunda nas urnas;

Ela prefere retas e nas as curvas, fala em nome da isenção;

Poeta que negocia a própria inspiração, e doador de letras turvas;

Povo que se acha às escuras, deveria eleger sua própria iluminação!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 21/07/2008
Reeditado em 07/05/2013
Código do texto: T1090820
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