DO POETA PARA SEU POVO
Muito cuidado povo meu, com os pseudo-poetas do branco colarinho;
Que abandonaram seu sorrateiro ninho, pra iniciar sua caça predatória;
Repete-se aquela mesma história, e vemos mártires e mágicos surgindo;
Diante das telas chorando e por trás delas sorrindo, almejando os lucros da vitória!
Cuidado com seus versos messiânicos e seu sofismo convincente;
Eles apostam contra a sua mente e te aliciam à vil permuta;
Se tua consciência de fato me escuta, então ela é das poucas que não se vende;
Mas se for mais uma que se rende, que tome assento dentre as almas prostitutas!
Logo ouviremos belas estrofes com suas rimas de promessas;
Feições angelicais nas gráficas impressas, que desceram do céu para o mundo salvar;
Nos palanques a bradar que a dignidade popular para eles tem pressa;
Mas o que de fato lhes interessa, poucos olhares haverão de constatar!
Acorda povo meu, que a verdadeira poesia não se afunda nas urnas;
Ela prefere retas e nas as curvas, fala em nome da isenção;
Poeta que negocia a própria inspiração, e doador de letras turvas;
Povo que se acha às escuras, deveria eleger sua própria iluminação!